A visita

Ajuda-nos a refletir, a praticar a introspeção, a ouvir-nos, a conhecer-nos e a saber o que sentimos. “A visita”, a obra de Núria Figueras e Anna Font, vencedora do 16º Prémio Internacional Compostela para Álbuns Ilustrados, destaca o valor do silêncio como algo positivo. Ignorando as instruções da mãe, a pequena raposa desta bela história deixa entrar o Silêncio na sua toca. Depois de temer uma presença que inicialmente a intimida, revela-se um convidado muito especial que a ensina a dançar ao ritmo do seu coração e a ouvir os seus pensamentos.

Esta é uma história deliciosa, original e necessária que oferece múltiplas leituras. Não só vai buscar pinceladas aos contos clássicos, como estabelece um diálogo ágil e terno entre as duas personagens e, através dos recursos literários que utiliza, incentiva o leitor a tomar consciência do seu mundo interior, a desfrutar dessas sensações, a redescobrir a sua própria essência.

Apesar de se passar a meio da noite, as páginas de “A visita” são luminosas e coloridas: de um bosque de vegetação esquemática, com um cromatismo transbordante e cheio de nuances, entramos num antro acolhedor onde se destaca a figura simpática da raposa e o traço simples com que se resolve a representação de algo tão intangível e invisível como o silêncio; um minimalismo gráfico que também se pode estender a outros elementos simbólicos como o bater do coração e o pensamento.

Porque nesta sociedade saturada de ruído e poluição sonora, a calma, a quietude e até a solidão proporcionam uma outra forma de abordar o quotidiano.